15.6.17

A propósito da procissão do Corpo de Deus...




DIACRONIA PROCESSIONAL 

A princípio era o Bem e o Mal. Na natureza sucediam-se os dias fastos e os nefastos em número semelhante...
Face às variações astrais , acidentes climáticos, morte e visão duma terra que floresce e gera frutos, os homens - esses Adões desterrados na floresta Primordial - invocam a magia da natura que os rodeia . A dança, o corpo, o tan-tan, o grito, são o primeiro diálogo com o sobrenatural, exercício expiatório ou prece de uma benesse...
E a festa repete-se circunstancial por todas as latitudes, sedimentando-se temporalmente os cultos sob as mais desvairadas formas.
No antigo Egipto, Isis, a deusa dos mil nomes, a que concedia a cevada e o trigo, era cultuada através de uma procissão de crentes: na frente ia o chantre com o simbolo da música, um livro de hinos teológicos e outro de regras de conduta; seguia-o o horóscopo com o símbolo da astrologia - um ramo de palmeiro- e os quatro livros herméticos sobre os astros; após o que vinha o Escriba sagrado, com plumas na cabeça, na mão a régua ,o tinteiro e a cana para a escrita hieroglífica; depois o Estolista com a vara da justiça e a taça das libações;finalmente o profeta com sua túnica, em cujas dobras leva a Urna sagrada exposta. Acompanhando os ministros da classe superior, seguem-se outras classes de fieis, como os pastophoros ou curandeiros e os que levam os PÃES...
A propósito dos pães em procissão - é bom lembrar - que a região de SELLIUM se integrava no tempo dos romanos em plena rota isíaca para Emerita, onde descansavam as legiões; há referências, pelo menos em dois lugares, nessa via a aras votivas dedicadas pelas sacerdotizas romanas de Isis : em Tucei e Cabrei (vide Hubner, CIL II ) .
EIS AS RAIZES MAIS ANTIGAS DA FESTA DOS TABULEIROS NA REGIÃO DE TOMAR

Entretanto na Síria tem lugar os chamados Prantos de Thamuzi ou choro ritual pela morte do deus da vegetação a quando das ceifas...
Nos primeiros séculos da nossa era encontramo-los na Andaluzia (mais tarde travestidos na Semana Santa sevilhana!) trazidos pelos mercadores e mareantes fenícios - os cananeus biblicos - cujos cultos se mamtêm inalteráveis durante milénios...
Da mesma área, também os adeptos de Atis-Cibele importam para o império romano o costume de imponentes procissões aquando dos equinócios de Março, onde se transporta um pinheiro-simbolo da divindade-envolvido em fitas de cor roxa; no seu séquito, as mulheres choram : "héu, héu, Salvator noster"...tal como mais tarde nos rituais da Paixão...
Já na era cristã,a 25 de Abril em Roma,pratica-se a "ambarvalia": procissão através dos campos para pedir boas colheitas;o cortejo em fila , devido à estreiteza dos caminhos,seguindo desde o Corso até ao bosque sagrado dos arredores,onde se sacrificam as vísceras de um animal.
No seculo IV o papa Libério pensou adaptar esta procissão aos tempos cristãos,mas mantendo o itinerário...Mas é só no século IX,com Leão III , que se establece com vinculo certo na semana de Pentecostes, a chamada penitencial ou rogativa,onde o rei descalço e o povo participam, percorrendo os campos durante 3 dias, com a cabeça coberta de cinzas.
Na Ligúria, leva-se na procissão o Draco: estandarte que tinha pintado um dragão,simbolo do diabo.Durante os três dias, o Draco tomava várias posições segundo uma simbologia determinada. Assim no primeiro dia, ia á frente da procissão, de cauda erecta - estandarte vertical - representando Lucifer, o principio do Mal, arrogante...
No segundo dia,quando as orações começam a fazer efeito, o Draco passava para o meio da procissão e "baixa a bola" ou seja a cauda(!)-estandarte inclinado. Finalmente no 3ºdia o Draco passava para o fim da procissão e ia de cauda plana, rastejante - estandarte deitado - significando que já fora vencido...
Na passagem do milénio a febre processional intensifica-se perante o terror do desconhecido. A própria missa é uma sucessão de procissões: ao introito a dos clerigos pelo deambulatório,ao Ofertório a dos crentes,a comunhão até ao altar, acompanhadas do cãntico dos salmos bíblicos.
A sociedade medieval torna-se uma civilização visual: nas cerimónias solenes desfilam o cruciferário,o evangeliário, os candelários,o turibulário,etc...
Toda a procissão é como uma viagem primordial até ao Deus Criador de todas as cousas visíveis e invisíveis.Surgem relatos de viagens fantásticas nesse sentido, como o da navegação irlandesa do abade S.Brandão e seus monges,em demanda da ilha mística,errando durante sete tormentosos anos,pelas águas da iniciação e da purgação ou a provação regeneradora até atingir a Terra da Promessa.
Também a lenda da viagem de Túndulo,em visão ou sonho,percorrendo os infernais subterrâneos onde se torturam os condenados às trevas,ao fogo e ao gelo; depois a ansiedade do Purgatório e por fim as delicias do banquete celeste...
Imitando a viagem biblica do Rei David, a quando do transporte da Arca da Aliança, as peregrinações tornam-se a mais perfeita forma de ascese dos tempos da cavalaria. Viagens de penitência,purificação e gozo,até junto dos tumulos e reliquias dos Lugares Santos: Compostela, Roma e Jerusalém.Aqui se demanda a Vera Cruz e a Arca.
Para os vilões ou peonagem que não podiam ir tão longe, resta-lhes por exemplo a chamada Légua de Jerusalém, na catedral de Chartres (sec.XIII), labirinto de 12 m de diametro e 200 m de comprimento, que os fieis percorrem até atingir o centro, significante da Jerusalém Celeste...
Ou os monges que não saiem de seu mosteiro,viajando processionalmente pela quadratura de seus claustros,e retornando ciclicamente ao mesmo lugar,orando e meditando,na demanda da Revelação dos mistérios de Deus.Assim por exemplo, em dia de aniversário de defuntos, no convento de Thomar: depois da missa,se ordena a procissão desde a Charola à Claustra do Cemitério,indo diante da cruz o acólito com a água benta para aspergir as sepulturas,o celebrante com capa preta e o diácono a sua esquerda com o hissope.Percorrendo várias estações ou paragens- onde haverá preces e cânticos de responso- voltarão à igreja, aonde porão a cruz à cabeça do túmulo simbólico, ali feito com um pano de cruz de tela no chão ,cercado de círios; lançando-lhe o capelão por fim a benção.
...Entretanto já o Pontifical dos Santos substituira o velho calendário lunar/agrícola: em Portugal,caso único na Europa,os próprios dias da semana dedicados às divindades astrais(dia de lunes,martes,etc),se convertera numa série ordenada de dias de féria liturgica romana(2ªfeira,3ª feira,etc)...
O próprio municipio de Lisboa establece em 1365 que dai em diante e"em este termo non se cantem Janeiras nem Maias nem a outro mês do ano"...As maias,eram ritos naturalistas,com flores no inicio do mês de Maio,suspendendo-se grinaldas nas ombreiras das portas-saudando a Primavera florida- como se praticava no tempo de frei Luis de Sousa na ermida da Senhora da Escada ao Rossio em Lisboa, justificando-se nessa altura tal ,como sendo comemoração de quando N.Senhora fugia para o Egipto e fora denunciada por uma flor aos seus perseguidores( em Minde diz-se que foi o barulho de uma vagem de tremoço pisada) vindo então um arcanjo a pôr flores em cada porta,confundindo o inimigo...
Mas todavia, as práticas ligadas às anteriores crenças mantêm-se na memória do povo : acredita-se nos encantamentos e agoiros, rogam-se pragas...os santos óleos e a hóstia usam-se para praticar sortilégios ( como no caso do milagre de Santarém, do sec XIII).
Acontece uma fusão de crenças e prácticas,uma assimilação e ritualização, de que a própria Igreja aproveita a forma tentando injectar novos conteúdos.



A Procissão do Corpo de Deus

O séc. XIII é a centúria de todos os cultos: celebra-se a Paixão de Cristo, a Virgem, o Espirito Santo, o Corpo de Deus em exposição; com parte religiosa e profana.
Na festa da Hóstia, a parte profana está a cargo das corporações de mesteres, cada uma com seu tema, de obrigatória presença, mestres e aprendizes,com seu pendão e figurações.Conforme sua ordem de importancia social, assim temos á frente os hortelães com seu andor representando uma almoinha aos ombros,depois os vendedores de pregão com suas danças judengas e mouriscas ao som de gaitas,adufes e pandeiros.
Seguem-se os almocreves,moleiros e peliteiros com seus pendões. O Dragão sarapintado movido por 20 aprendizes de sapateiro enfiados no seu bojo e á sua frente a dama "nua" (pouco vestida) provocando o draco em danças extácticas... acompanhada de muitos mouros "falando desonestidades"!
Uma vintena de alfaiates transporta a Serpe fabricada de madeira e vestida por eles.Depois os chamados homens de armas ou seja : ferreiros, seleiros, barbeiros, latoeiros, rodeando S.Jorge no andor lutando contra a Serpe.
Carpinteiros e calafates arrastando galés; oleiros trazendo acorrentados 2 diabos fazendo momices e trejeitos.
Enfim, profanidades que tanto escandalizam D.Sebastião, como maravilham Filipe II anos mais tarde...
A fechar os mesteres mais nobres: ourives, moedeiros, tabeliães, escrivães e boticários.
Demarcando posição : o alferes e o almotacé com suas bandeiras, seguindo-se os cavaleiros das Ordens militares e a multidão de monges de várias cores. A seguir a corte e o rei rodeando a hóstia elevada nas mãos do bispo sob pálio...rematando o místico espectáculo.
No sec.XVIII retiraram-se as figurações e as folias,salvou--se o S.Jorge a cavalo...a procissão ficou mais eclesiástica e menos popular, mas mais luxuosa.
À frente as bandeiras dos oficios da casa dos Vinte e Quatro com seus patronos,S.Jorge armado de sua lança, capacete de plumas coberto de diamantes em cavalo branco no meio de outros cavaleiros, trombetas a cavalo. Segue-se o homem de ferro com sua armadura, o condestável, ladeado de pagens,vestido a ouro e pedras preciosas.Depois as confrarias de opas vermelhas, milhares de frades brancos, negros e castanhos, empunhando tochas, centos de cavaleiros das ordens militares de Cristo e de Santiago, o clero e os cantores de pastoral. O cortejo real e penitencial; cónegos e turibulários; finalmente o S.Sacramento em relicário sob pálio... a multidão de povo atrás respeitosa.

No final do seculo passado, o S.Jorge (presente desde Aljubarrota) em luta com o Draco, acabou tanbém de ser irradiado da Procissão lisboeta...hoje mantem-se apenas em regiões como Penafiel e Monção no Minho onde tem grande assistencia a luta entre o Bem e o Mal no terreiro que só termina quando o S.Jorge a cavalo trespassa com a lança os costados do monstro de cabeça articulada e homens dentro...

(Extracto do artigo  – Diacronia Processional – in Boletim Cultural da Camara Municipal de Tomar, nº21 de Out.1997), 



11.6.17

TOMAR JÁ FOI ARRASADA ?! ...HOJE DE NOVO É PRECISO PRATICAR O DESCERCO, INFORMATIVO, NORMATIVO, ETC..












Tal como na adaptação de Cervantes rodada agora no Convento em Tomar...também um(a) publicista da desgraça (ou jornalista tipo B) viajou até ao tempo e lugar deste D.Quixote...e o resultado foi como se costuma dizer : estes publicistas são uns exagerados!!...ate levam as pessoas a acreditar na existencia real dos glutões...que neste caso seriam os espanhois... na realidade não é bem assim ! 
 Desde há uma semana a quando da noticia da “destruição” do Convento em Tomar, que procurámos informar-nos junto de quem presenciou a ultima semana das gravações, ouvir e ler as varias opiniões, confrontar fotos e lugares.   Somos de Tomar e vivemos cá , conhecemos pois o antes o durante e o depois das filmagens. Vamos pois clarificar portanto um pouco a coisa...Vamos falar sobre isso agora depois do que já lemos e vimos comentado das mais "desvairadas" maneiras...ás vezes por quem não sabe bem o que diz porque não conhece , apenas o “disse que disse” das redes sociais...É bom estar vigilante perante os poderes...mas façam o trabalho de casa...não se enganem.. não vamos alimentar a fogueira ...vamos olhar á volta e dentro até...é preciso reflectir, não agir emocionalmente ao primeiro boato! 
E o que para ai vai de desinformação ! ....está "tudo destruido"...claustros partidos ; também publicar imagens e opiniões descontextualizadas não ajuda em nada...há muitas maneiras de fazer estatisticas, assim como há varios angulos e temperaturas da côr nas fotos...(é dos livros.).. mas vamos falar de fumos sim e de locais...e de responsabilidades que as há ...enquanto uma onda de emoção se expande com os media a divulgar acriticamente uma peça mal feita a todos os niveis... jornalismo de TV publica ao nivel sensacionalista do CM...um mau serviço público...a começar na manchete alarmista ...depois não acerta no nome dos entrevistados , não acerta no nome dos claustros, fala de uma fogueira da altura da igreja seiscentista (?!)...qual será ?...a Charola é do sec XII (será que sabem afinal de que falam) ...dando voz a anónimos funcionarios para falar mal dos colegas, jogando uns contra outros.(autoimplicando-se também afinal)....para alem de dar voz a uma produtora que está em litigio judicial com o realizador sem dar igual tratamento á produtora actual do filme. Só imprecisões , falas de consequencias...ao nivel de certos pasquins desinformativos... e depois o que acontece nas redes sociais.?.. as pessoas que habitualmente não põem os pés no convento , não vem a seus eventos, não o conhecem na continuidade, mas aparecem quando lhes cheira a desastre ou a fogo... (é como na estrada!)... e falam, falam do que não conhecem na realidade...nem viram...apenas fotos tiradas a horas e angulos diferentes, falam por atacado...insultam-se uns aos outros á falta de argumentos, ,etc...no fundo estão a insultar-se a si proprios.. 
 Ora deixem-se de comentarios basicos ou vazios de conteúdo e venham mais ao convento para conhecer o dia a dia...porque ele só vive se for habitado permanentemente...não é apenas uma imagem postal no livro das recordações imutaveis...venham...nem que seja apenas para ver com os proprios olhos que não está destruido!  (Embora já incluído até num site de monumentos desaparecidos (!) … para alem do CM que já ditou o seu óbito ,noticiando-o com uma imagem do Panteão nacional ) !!!!

Afinal o Convento ainda está de pé e na mesma...ou seja com problemas ...materiais e humanos...´`A imagem daquela rota dos locais por onde andou Umberto Eco quando veio ao Convento e saiu de cá com a mente em chamas...assim hoje façam para todas as imaginações incendiadas uma rota dos locais das filmagens e não só...para verem o estado do Convento...isso sim seria um bom serviço e util a todos de todas as formas no espiritual e no material , como soe dizer-se á boa maneira da época...! mas por favor não coloquem, o assento ou a bunda (no ortografismo brasileirense) nas bordas dos canteiros ou afins ...devia haver um letreiro assim... para depois não haver desculpas ! 
Quem não está presente não pode comentar com segurança ou de animo leve, a partir só de fotos tiradas em dias claros e secos ou molhadas de chuva recente , etc..  Exemplo a  Janela do Capitulo , já está assim há anos . Tenho  fotos de há 5 anos . Aliás havia uma barreira , uma bancada de 5m de altura a partir do passadiço frontal ao claustro da Hospedaria que impedia a propagação direta do eventual calor que dali subisse na sua direção. Confirmem esse pormenor nas raras fotos aparecidas. Na verdade a humidade afecta bastante esta zona dando imagens mais escuras consoante o dia , o tipo de camera, as edições de fotos, etc. 
A realidade é que o chamado poder central não sabe , nunca soube, o que fazer com este “monstro” de pedra com 600 portas , dos quais já perdeu 300 chaves ...andando ao sabor das circuntâncias...enfim um convento quase votado ao abandono... Afinal dos que vão comentando quem tem conhecimento do estado de conservação e preservação de todo o convento...nao sabem em que estado deploravel a janela se encontra em termos de fungos e musgos bem com as restantes estruturas... e o pior é que as receitas diarias vão todas para a tutela e não aproveitadas para o mesmo...embolsa um milhão e ignora muito do que aqui se passa... 
Consideramos que as questões de conservação e preservação devem ser preocupação continua e não pontualmente, depois de uma pedra se lascar ou cair...como no caso das cruzes de Cristo caídas há já meia duzia de anos, não agora como mostrado!     Alguns olham para uma foto antiga ...de há muitos anos...e é como olhar para o céu.cheio de estrelas ..aquilo é passado...já foi há muito tempo , muitos anos luz
Vejamos portanto em pormenor os aspectos principais que são focados:
-Arvores (centenarias?) cortadas no claustro ! De facto estavam ali 4 canteiros com arbustos mal cuidados , que tinham sido ali postos ,como efeito , há poucos anos, para a rodagem de outro filme. Agora por comum acordo previo , foram os arbustos podados pela produção, sendo no final da rodagem retirados pelos serviços de limpeza do Convento , para serem substituidos... daí ate inventarem que havia ali um poço atulhado de pedras...é mesmo de quem não conhece os claustros do convento...!


As Pedras -No que toca á existencia de pedras partidas , verificámos que havia algumas pedras com pequenas lascas  em diversos claustros , tanto nos usados nas filmagens como em outros, não podendo ser tal atribuido á colocação de adereços do filme, pois estes eram fixados/suspensos no cimo das colunas e não na base destas como é obvio. Alías há mesmo mais casos , por exemplo no claustro dos Corvos , ... onde há noticia de que houve ate espaços alugados para festas privadas ...o mesmo se passando nos Jeronimos...em Lisboa...mas as filmagens não passaram por aqui...
Quanto à famosa fotografia da limpeza do claustro da Hospedaria , que tanto "frissom" deu nas redes sociais, o que se vê no chão é exatamente a prova da proteção que existia no solo que fora coberto por grossa camada de areia sobre tapete por baixo, estando a ser levantado no momento...O mesmo já vimos frente ao palacio de Sintra a quando de um evento medieval estando coberto de areia o empedrado á frente da fachada do monumento para evitar exatamente danos no empedrado, como recomenda o normativo.
Sobre o FOGO...Quanto á evocação das Fallas andaluzas , havia uma estrutura de aço forrada a madeira tratada (para retardo da combustão) com bicos  de gáz no interior ao longo da estrutura, apoiado por 40 tubos de gaz que se iam abrindo e fechando para dar a sensação que o fogo ia subindo. Esses bicos estavam colocados em varios andares que se fechavam independentemente em segundos, pois de outra forma, não se poderiam fazer as repetiçoes necessarias , se a estrutura continuasse a arder sem interrupções... O fogo era controlado assim quase metro a metro (8 em 12) no total...
Diz a produção que a madeira era tratada e a "santa" em cima era de gel não toxico , material de combustão rapida ...sim...mas e os materiais , dos objetos a sacrificar ?...esses,eram de madeira velha , pano, plastico, etc e largavam muito fumo segundo confessam os proprios tecnicos!...gato escondido com rabo de fora (das normas)...
Dizem também que cada queimador tinha chave de abertura e valvula anti retorno que impedia a chama de ir à garrafa ...mas e o calor acumulado ?!... as 40 garrafas de gaz assim concentradas  num pequeno espaço ou canto do claustro , configuram uma situação perigosa pq elas não estoiram apenas por chama mas tb por calor excessivo e todas juntas eram uma bomba potencial... ora havia ali um calor acumulado  na base sem duvida...daí o aviso -que nos contaram- feito aos participantes para que recuassem em suas posições caso sentissem demasiado o calor...Terá sido pensado o impacto do calor na circundante, em relação às bilhas de gaz...E se acontecesse uma daquelas noites quentes subitas, como seria...??  Havia alternativas ou...
Afirmam também que já houve um outro filme, há alguns anos aqui, sobre Santa Teresa d’Ávila, em que era usada uma fogueira para recriar um auto de fé. ..mas não como querem fazer crer aqui no mesmo claustro ou em outro qualquer, mas sim lá fora no terreiro do castelo junto às escadas em terreno aberto... Agora poderiam fazer esta cena noutro lado menos problemático ?... claro que sim...mesmo no campo de jogos frente á adega...

A questão das telhas e a fábula dos Sprinklers :  Foram instalados "sprinklers" para emissão de água a partir dos telhados do claustro. E foi dada a informação que o sistema garantia a segurança do espaço (para apagar a fogueira em caso de necessidade) e terá sido a instalação a provocar a deslocação de algumas  telhas". Ora aqueles canos metalicos que se podem ver em fotos,  suspensos – mas longe da estrutura central- são de tipo chuveiro usado para criar a ilusão de chuva e neste caso cumpriu mesmo e só esse papel (pese aos que estavam/andam a dormir !) ...sim , porque há/houve uma cena de chuva (artificial) no filme ! 
A ironia do acontecido é que na véspera da cena choveu mesmo á séria e copiosamente...pelo que podiam ter aproveitado aquela dávida divina em vez de andar a estragar telhas...se entrassem em conta com o factor meteorologico e suas possibilidades versus contrariedades... o que se chama transformar as desvantagens em vantagens...se houvesse golpe de rins para isso...em vez de ficarem á espera que a chuva real... acabasse...
Uma pergunta: Se estava lá fora a cisterna da agua , por que não tb o reservatorio de gaz ou as 40 garrafas (sejam os 40 alibabás -disfarçados-do nosso descontentamento!!!) ...que segundo as normas gerais de segurança , devem estar afastadas das casas quando assim concentradas em numero...?!
A questão da gestão Partilhada …
Trata-se de  um monumento que está no nosso território, todos nós cidadãos gostaríamos de ter uma palavra a dizer”. A Câmara Municipal de Tomar não tem nenhum poder na gestão do Convento de Cristo, e pretende que o monumento passe para a gestão partilhada entre a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e a Câmara, o que apoiamos.
Também gostaríamos de saber se foi entregue um guião ou um caderno com o que se iria passar, que tipo de material iria ser utilizado, etc.”...isto porque “sempre que a Câmara quer fazer alguma ação no Convento, também apresenta estas informações, antes de receber autorização para utilizar o espaço”, como no caso da Festa Templária. “Fazemos uma recriação de um cerco ao castelo e usamos fogo frio. Mas temos de dizer, e bem, que materiais vamos utilizar". 
...Pois aqui parece que só se usou fogo “quente “...é o 8 ou 80...há 2 pesos e duas medidas na actuação /interpretação da Direção do monumento ! Não se podia acender um archote..."atenção aos materiais e á segurança"...onde ficaram essas preocupações aqui... uma postura para os da casa, outra para os de fora...também já fomos vitimas disso ! 
-A questão das botijas de gás colocadas no Convento é considerado muito perigosa, e em igual sentido se pronunciou o ex-diretor Luis Graça afirmando tal ser uma irresponsabilidade! ...aqui unindo-se á preocupação da Camara.... trata-se de uma questão objetiva – 40 garrafas de propano , concentradas a um canto do claustro , não afastado de construções como é das normas de depositos de Gaz !...
"As coisas são feitas com regras" - afirma a Direção- , mas há "contingencias" ...pois para uma explosão ...basta ser garrafa ...aliada a uma onda subita e forte de calor ! 
A Direção vai apurar responsabilidades : mas será capaz de tirar as boas conclusões sobre si mesmo ?! 
Será que o descrito são boas praticas de salvaguarda ?! Assim...?! e para os da terra , outra postura...! ..Afinal...anda tudo (des)controlado! ...

3.6.17

O Caminho de Santiago passa (obrigatóriamente) por Stª Maria em Tomar !


 

Tomar, lugar central e  cidade patrimonial , é ponto de passagem e pausa para outros destinos. Integrada -ontem como hoje- na rota mística para "os chãos de Iria" : há um milénio caminho para Iria Flavia / Compostela, neste século via para Cova da Iria/Fatima …
No entanto uma coisa são os antigos  caminhos de Santiago outra os caminhos recentes de Fátima. E cada um tem a sua via e visibilidade própria (não misturar portanto os terrenos, nem  descaracterizar a sua imagem identificadora). Vem isto a propósito de uma tendência actual e não só local de colocar no mesmo saco por exemplo rota templária e rota de santiago ou a de desuniformizar os seus logos (aparecendo com aspectos diferentes conforme o local) contrariamente ás normas legais europeias e  cientificas (invariabilidade identificadora por definição).


Mas centremo-nos nos pontos em discussão sobre onde o caminho há-de passar em Tomar. A ponte de Peniche é obvia : não tem de ser "romana" para isso, basta que seja medieval (e é-o de certeza na sua configuração actual) tal como o é a tradição do Caminho , a "inventio" Compostela é da alta Idade media, não do tempo dos romanos...
Agora se o caminho antigo que vem direitamente da antigamente denominada rua das Poças (tal como ainda se lembra um vizinho) está bravio e amatagado em algum curto troço   desbravem-no e arranjem-no , não inventem um novo a passar por velho: é gato a passar por lebre!


           


Quanto a considerar a calçada de Santiago que une a cidade ao castelo, como sendo troço integrante do mesmo caminho compostelano...isso oferece-me bastantes dúvidas . Trata-se apenas de uma designação identificativa de uma direção  viária para chegar a uma porta do castelo chamada de Santiago : a primeira porta em arco que encontramos depois da subida , em cujo passadiço vigiava um cavaleiro de pedra , o Santiago Mata-mouros (tal como existe em outros castelos do reino)... tal se pode constatar no relato de uma viagem de D.João V passando por Tomar em seu tempo, em que ainda era visível in loco a estátua referida.





Agora do que não tenho dúvidas e está esquecido é que o Caminho a Compostela passava obrigatoriamente pela igreja de Stª Maria dos Olivais ,em plena e plana cidade . Atestam-no por um lado documentalmente,  as indulgências papais medievas aos viandantes romeus que a visitassem em seu caminho, e por outro, ainda hoje bem visível, a concha ou vieira inscrita lateralmente no portal em arco da torre em frente da igreja , cujo piso térreo com sua galilé  serviria à confraria local de S.Maria e albergue de peregrinos.