16.4.17

O MISTÉRIO DE CEM SOLDOS




O MISTÉRIO DE CEM SOLDOS...onde se desvela o vero sentido de uma das acusações feitas aos templários: o tratar mal a cruz ...aqui partem-na de encontro aos degraus da igreja...pois, afinal estamos no lugar de uma antiga comenda da Ordem do Templo ! - Apressem-se...VÃO VER !

Na manhã de domingo de Pascoa, começam a chegar os jovens ao largo da igreja,com suas canas enfeitadas com cruzes de flores de giesta,artisticamente fabricadas.
Entram na igreja individualmente e no altar fazem canticos. O padre não intervem.
Depois saiem processionalmente: à frente uma fila de jovens com campainhas agitadas com frenesi e o cruciferário.Atrás multidão de cruzes floridas.Marcham em passo de corrida pelas ruas da povoação.Passada uma hora regressam ao largo e dirigindo-se aos degraus da igreja ali partem as cruzes contra a pedra,Morreu o cristo-Homem,viva o cristo-Deus.Ressureição.



Esta festa das cruzes tem tradições na região de Leiria,onde é costume espetar as cruzes ornamentadas de flores nos campos de cultivo contra os maleficios no agro. Mas para além das cruzes enfeitadas comuns , há dois aspectos em Cem Soldos que interessa salientar,os quais estão ligados à temática dos enterros reais e liturgicos dos seculos XV e XVI .Assim ,em retorno ao passado, vejamos o caso dos tocadores de campana e a questão da quebra das cruzes.Primeiramente o relato do funeral do rei Carlos VI de França em Notre Dame(1422) segundo G.Duby :" Foi levado o corpo,como se leva o corpo de N.Senhor,na festa do Santo Salvador;por cima do despojo real um dossel de ouro levado por quatro ou seis parentes,30 servidores levam o corpo aos ombros,repousando no leito com o rosto descoberto; à frente as Ordens e os cânticos;havia duas filas à frente de pobres servidores,vestindo de preto,chorando mui alrto e levando tochas e 18 pregoeiros ; também 24 cruzes de religião,que precediam os tocadores de campainhas".
Aqui temos partindo da identificação que é feita entre o rei e o divino(comum á epoca)o espelho das procissões da Paixão: os confrades levando a imagem aos ombros,a presença dos prantos ou carpideiras,e no que diz respeito a Cem Soldos,a ultima linha é sucinta:os pregoeiros (aqui os que gritam:O Senhor ressuscitou-Aleluia!),as vinte e tal cruzes (aqui as dezenas de cruzes enfeitadas) e os tocadores de campainha(aqui também presentes).

Vejamos agora a questão das cruzes à luz do regimento português de 1502 acerca do levantamento dos reis.
Quando o velho rei morria,um arauto gritava:Morreu o rei,viva o Rei!:Desciam-se as bandeiras e os sinos tangiam"como carpideiras de bronze aiando desesperos",,,adiante menestréis tocando trombetas.Vão da porta da Sé á porta da Alfandega,seguem ao Rossio e depois ao castelo de S.Jorge.No dia seguinte: Os procuradores dos mesteres e todos os outros atrás referidos, saiem do Municipio levando à frente um dos procuradores da cidade arrastando uma bandeira negra,Atrás o cortejo em duas filas vestindo luto e ao centro os juizes,segurando cada um,o seu escudo negro.Marcham até à Sé,anunciando a morte do rei.
Á porta da Sé, ouvia-se um estalido seco da madeira pintada de negro: assim se quebravam os escudos do rei! Regressando à liturgia e constatando que a cruz é o estandarte,simbolo,marca e escudo de Cristo,é evidente a analogia e o simbolismo da quebra das cruzes em Cem Soldos...Aqui se quebra o escudo do Cristo morto,e libertam-se as flores do Cristo Vivo,ou dito de outra forma: da morte nasce a vida, tal como afirma para os iniciados, a rosa nascendo da cruz , á entrada da Almedina, no castelo Templário de Tomar.
Ora Cem Soldos fica a 7 km de Tomar e era uma comenda templária. E torna-se assim bastante elucidativo quanto a uma explicação sobre a acusação filipina feita aos templários sobre os impropérios á cruz...afinal está aqui uma memoria/residuo arqueoritual visível de que tal não passava de um momento ritual na admissão/iniciação do monge templario, que acontecia geralmente por alturas desta quadra litúrgica...onde o iniciado encarnava o pecador e limava as suas imperfeições... sem esquecer Pedro que negou três vezes a Cristo...
Dúvidas?.. Vão ver com vossos próprios olhos...É mais um momento/local a não perder na região de Tomar...HOJE PELA MANHà !


5.4.17

PERUGIA- PRIMEIRO LUGAR ITALIANO INTERESSADO NA ROTA TEMPLARIA!

          


Afirmámo-lo exatamente há um ano atrás aqui neste blog " O explendor de San Bevignate : é obrigatório desde inicio na Rota Templária! "
E o que tem de ser tem muita força...para lá de episódios dilatórios e descrenças allheias  (tal como antes, em relação a Troyes)...

Assim, decorreu a semana passada a visita a Perugia da delegação francesa da Federação Europeia da Rota Tempária , chefiada por Philippe Adnot (Dep.de L'Aube) , que se encontrou na quinta-feira dia 30 de março, com o presidente da Câmara de Perugia, Andrea Romizi e a vereadora da cultura, Teresa Severini, além dos técnicos do Departamento e do vereador Vignaroli, com o objetivo de avaliar juntos a entrada de San Bevignate naRota Templaria Europeia.

         

 Construida na 2ª metade do sec XIII – 1256-1283 os cavaleiros Templarios  iniciaram a construção da igreja e o mosteiro adjacente sob a liderança de Bonvicino de Assis, sendo consagrada a  "S. Bevignate (ermita local) em 1283 .
San Bevignate tornou-se o estabelecimento templario mais importante  na região central da Itália. Um grande complexo monástico que originalmente se estendia em retângulo em torno da igreja a’  cabeca.  

A fachada: tem um portal de travertino adorável, com detalhe interessante em particular sobre o lado direito, e uma janela  acima. Lateralmente suportada por grossos contrafortes.



A igreja, que foi recentemente intervencionada   , opera agora como um museu , frequentado nomeadamente pelas escolas secundarias da regiao e aberto a visitantes desde o inicio deste ano e tb lugar cultural onde se produzem concertos.e outros eventos.



INTERIOR


Interiormente a  igreja: tem um plano retangular com um arco triunfal que se abre para a abside quadrada elevada . A única nave é dividida em duas áreas, pelas colunas que sustentam o tecto abobadado.
O interior sóbrio da igreja tem grandes semelhanças com as capelas construídas pelos Templários na Terra Santa.  
 Os frescos (década de 60) nas paredes da igreja templaria  estao entre os mais antigos da historia de arte sobreviventes dos mais  significativos do sec XIII da arte templaria na Europa.

Afrescos sobre a parede do altar, na abside ao fundo.
Ladeando a janela em dois registros:

J

Na parte inferior registam-se os símbolos dos 4 Evangelistas de um lado e outro da janela. ..
Atras do altar a Crucificacao ao centro... com a Virgem e São João Evangelista.
Abaixo a dextra ve-se uma cena da vida de "St" Bevignate com o bispo de Perugia ,com inscricao referente.


    
Lateralmente cultos locais e atitudes de época , como as procissões de flagelantes




 FIGURAS TEMPLARIAS na CONTRAFACHADA...

Por cima a aguia segurando um grande livro... sobre um barco de peregrinos  destinado  a Terra Santa.

A meio uma curiosa cena  em que um leão  eleva uma pata em direção a um grupo de monges de branco que estão num alpendre. (O monge líder pode representar S. Jeronimo, que ficou famoso por remover  um espinho da pata de um leão).
O friso abaixo descreve as cenas de uma batalha entre os Templários e um exército sarraceno, possivelmente a batalha de Nablus (1242).



REUNIAO


Decorreu entretanto naquele espaço uma sessão de apresentação do monumento pela vereadora da cultura

                   

e estudo de possibilidades da sua melhor integração na Rota templaria, aqui intervindo Christelle. 



A próxima etapa será, então, a elaboração de um projeto, a apresentar à federação até setembro, com ações tendentes a reunir em torno de San Bevignate-primeiro site italiano interessado-os locais templários do território perugino e da Umbria , bem como contribuir para a valorização da História Templário e dos sítios parte do itinerário através de estudos e eventos.


                                




Ou seja um englobamento do território de Arne : a igreja de San Giustino d'Arne  e a capela de S.Maria de Ripe, além de outras memórias como S.Croce di Culiano ou Purello (Nocera) e os recentemente descobertos frescos do sec XIII  de S.Maria del Tempio dita "deiia Carità"  em Città di Castello ... a terra da "Madalena" da Paixão de Cristo (de Mel Gibson)  ou seja a conhecida  M. Bellucci !